quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Brancas poesias


Do fundo esbatido,
Emana difusa aura dourada.
Recorta-se a cor na sombra iluminada,
Um branco inspirador, porém, sentido.
Suave e delicadamente branco,
Ergues-te de caule em riste,
Lembras que as terras húmidas de onde saíste,
Já não passam mais de um simples barranco.
És agora vaidade,
És eternamente saudade,
E em tuas harmoniosas espirais,
Já sentiste a liberdade!
Momentos intemporais,
Repetidos vezes sem fim,
Mãos cobiçosas de um jardim,
Afagaram-te delicadas curvas,
Pés descalços entraram em águas turvas,
E arrancaram-te do leito em que crescias,
Para em telas e letras,
Nascerem brancas poesias!




quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Tombadas pelo sono


























Embaladas ao vento,

Choram de lamento.
Cai o verão, 
Já vai longe a primavera,
Agora o outono está à espera!
Uma a uma,
Caem tontas de sono,
No ar, o crepúsculo de outono!
Trazem aos olhos melancolia,
Desenham em silêncio bela tapeçaria.
Cores desbotadas,
Uma a uma,
Iguais e abandonadas!
No ar, no chão,
Ocre, vermelho, verde pálido, amarelo limão,
Sombra de por do sol,
Dançam e estendem-se como leve lençol.
E nesse manto feito alameda,
Flor de asfalto, flor de seda,
Vidas passam e pisam tamanho abandono
Sem sequer parar para sentir o perfume de outono!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Roots


































Cinzas são as manchas
Que estremecem e despontam do amanhecer branco
No ar, sente-se a fria fumaça subir pelo flanco
Ondulações de vida quais avalanchas

A tinta cinza, transborda e molha o branco céu
Pingam gotas geladas em suaves tremores
Inundam a terra, amaciam suas dores
São prenúncio de cor, de vida, neste imenso breu

Amanhecer preto é rasgado por vermelho ardor
Lampejos de cor na escuridão gritam ao despontar
São frementes pétalas que apontam ao ar
Na esperança de um dia também elas se tornarem flor

O céu está agora rasgado
No solo orvalhado, esgueiram-se raízes em forte crescer
São vermelho e branco de fulgor viver
Fazendo esquecer o imenso breu e cinzento passado

Também ela e todos igual a ela são felizes
Basta aprender a firmar nossas raízes